Pequeno longo caminho

Era devagar o modo que caminhava e seus olhos fitavam o chão sujo e impregnado com toda sua tristeza. O jovem voltava de um incidente causado por sua falta de malícia e astúcia. Este fato positivista figurava com clareza em sua mente, o que lhe causava ainda maior vontade de esquecer o inesquecível.

_Nossa! Não tinha percebido. Mas eu quero mesmo é sua amizade. Você sabe que te adoro, né?

E a imagem projetada de alguém que nunca existiu escorreu tão rápida como as lágrimas em seu esguio e pálido rosto. Depois disto, preferiu retirar-se com prontas e educadas palavras e lutou contra todo seu organismo para não cair de joelhos e encenar alguma cena romântica de qualidade duvidosa.

Ao virar-se pensou em olhar pela última vez nos olhos, nunca tentativa quase insana de achar um tesouro que de tão raro não existia.

Já no seu caminho de volta e com a emoção já mais calma, as lágrimas solitárias e lentas surgiam e caíam em seu rosto que já estava vermelho e seu pensamento desconexo.

Se fosse pertinente acusar um vilão esse seria o pensamento. Foi ele que criou situações tão claras que se tornaram reais. Foi esta realidade que deu força para o suposto ato de libertação. Pobre rapaz, a verdade no amor só funciona positivamente em histórias escritas, já dizia alguém que vivia de ócio televisivo. De tanto sonhar começou a amar e por achar que amava, resolveu abdicar.

Sem saber realmente o que poderia fazer para livrar-se do incômodo de estar sofrendo, encheu sua mente de um turbilhão de idéias que buscavam, incessantemente, palavras ou atos que pudessem reverter a situação. Ele indagava-se sobre a possibilidade da existência das palavras corretas. Essas seriam aquelas que se ditas num momento preciso, com a entonação adequada e no lugar conspícuo fariam com que a pessoa sentir-se o que você almeja dela.

E mais uma vez ele tornava-se vítima de seu assimétrico pensamento e as imagens que esse elaborava.

Assim seguia o moço pela calçada que não estava mais tão escura apesar de seus passos ainda lhe causarem dor. Algumas vezes, também, os contornos arquitetônicos da rua se alteravam. Obviamente ele achava aquilo estranho, mas não concedeu a importância devida, pois não tinha concentração suficiente para nutrir tal sensação.

Ao chegar a casa foi direto para seu quarto e resolveu descansar. Já estava convencendo-se de que tinha sido benéfico o vaporoso termino. Mesmo com o coração acelerado e regando uma plantinha de amargura que já se misturava com um pouco de ódio, viu que poderia encontrar outra pessoa daqui um tempo. Engraçado como, hoje em dia, a catequização deste sentimento selvagem começa logo depois de alguns quarteirões.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom o texto!!!
Pois é, eu fico meio de cara né, tamanha habilidade com as palavras!! Sou um "homem das imagens" e lendo consegui constituir várias. Ou seja, um texto que não fica somente no papel! isso aee!

Pri disse...

ei lindeza!!!
amei o texto também!!!!
achei lindo e intenso!!
parabéns!!!!

te adoro
bjãooo

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